a vista alcança até onde a vista alcança do real: pedaços fora de foco desfocam o seu lado animal.
segue outra vez a sonoridade de seus próprios pensamentos, sem que de outras penúrias sejam arrancados incrementos
e na cabeça assim se firmam, autônomas, as esperanças astrônomas, na busca perpétua por outros céus e ruas onde corram outros ventos.
Veio na pasta sonora Embutido com leveza De bigorna de desenho Animado com destreza;
Imagem incomum Sugerida nos sentidos, Distorcidos ao extremo E de muito caos vestidos,
Com miséria discrepante, Sem esmolas prometidas, Sem múltiplas vontades;
As zebras anuladas Pela cabeça pensante Das meias-verdades.
Vagam sem um consciente nexo Estas setas indicando os caminhos, Mas um astuto e atarefado paralelador Vem interferir na desordem natural sozinho, Satisfazendo a incômoda vontade E a atraindo para uma morte à tarde Na primeira nuvem que passa, Transferindo côncavos movimentos Para os confins de um convexo meio, Aparentado e munido de instrumentos De curto pavio e longo alcance, Sem que seja precisa a última chance Nem dúvida que seja demais da conta Ou da cabeça, cuspida com facilidades De saltos sem gravidade Na peculiaridade de instintos Mornos e sensatos, Ao coração eternamente gratos Pela múltipla função percebida, Sem muita barra forçada Nem resoluções descabidas.
Segue a estrada E logo adiante um acidente Paralisa o bater dos dentes.
A mesa não mais abriga Um corpo pronto para a autópsia, Mas alimento sincero, Límpido, sem paradoxia Nem caramelos Nem doces em manhãs frias.
O que teu sonho viu A realidade impediu , Você resolveu mentir Para se redimir
Pra si mesmo, Com receio E recheio De agressão.
Mas meus olhos secos Vêem a alma, Perdem a calma E colhem o esterco.
O real Tão surreal (Com gosto de sangue Da ponta do bumerangue)
Martela a cabeça Dizendo: “esqueça!”, Molhado na mesa Para depois da sobremesa.