sexta-feira, 23 de novembro de 2007


dormência...

...que não vem,
que não chega,
que eu persigo,
que é tão meiga;

...que me leva ao infinito,
que me acorda na manhã,
que me empurra pro trabalho,
que leva jeito de artesã;

...que aos trancos e barrancos
me acredita
(que na luta dessa vida
só faz desanuviar);

...que devora sem receio a minha carne
e transforma em desejo
minha cara de queijo
(que inflama os ratos);

...que eu seguro com as mãos rápidas
no teclado donde os sons
estão apagados
(a queda inevitável);

...que estufa nas redes mais um gol,
que comemora feito realidade,
que insiste na jovialidade
da imagem velha do espelho;

...que brinca com os segundos,
que trava os minutos
(aconchega as horas
no delírio);

...que anuncia e não incentiva
(a máquina do progresso não deixa -
as fossas entupidas
e a morte na enchente);

...que surge e ressurge
(e a neve não cai -
e não serviu de nada
a noite estufada).

Nenhum comentário: