quinta-feira, 15 de novembro de 2007


surtou com o amor
de verdade.
chegara a pensar até
"isso não existe".
ô, se existe...
quando vem assim
no ouvido
(com cheiro de prazer
na confissão),
renova o fôlego
pra caminhada em busca
da liberdade.
o tremor das pernas,
o arrepio na espinha,
o susto,
o golpe bem no coração
(o metafórico).
O rodopiar da cabeça,
o não saber o que fazer,
o caminhar falando sozinho,
as ruas eternas ruas
com os passantes eternos
(que daqui a pouco
os carros voam),
os restos do olhar,
aquele de sempre,
com um sussurro
desmoronador...
madrugada errante...
cheia de surpresas
cheia de desastres
cheia dos enfeites
cheia de poesia
cheia de sonoridades
cheia de não se caber
dentro de si
e resolver mergulhar
no estrebuchado da esquina
onde o pavio é curto.
passagem pra casa só um real
prefere ajudar o cobrador
e o motorista
que o chefe deles,
o safardana
que cobra de idoso
e de estudante,
mancomunado
com o que há de pior
em termos de falta de ética, caráter
e principalmente,
humanidade.
só pensam na merda do dinheiro.

surtou com o amor
de verdade.
quase robotizado,
a frase derrubou o muro
(em fase de finalização)
que era levantado por sobre
as suas vontades,
as suas sensibilidades,
o sapato inútil
criando bolhas inúteis,
a camisa de gola
com o cavalo bordado
no bolso,
a meia imunda furada
de quatro anos,
a gente de cara amarrada
com o pescoço amarrado
e o salto alto
e o corpo cambaleante
e o cuidado
e o nojo
e esse nhémnhémnhém
e esse blábláblá
que também é meu
e é seu e é nosso.

mas pra alguns tá bom.

vinha sendo vencido
por pouco,
por muito pouco.

reanimou

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