O Conto sem Fim
o camarada e a moça cruzaram-se pela rua principal da cidade. ele numa calçada, ela na outra. por alguns instantes fitaram-se olhos nos olhos, ela com a sensação de já tê-lo visto em algum lugar, ele com a sensação de que ela já o tinha visto em algum lugar.
pela rotina que a vida traz, ele entrou num bar e pediu ao balconista um cigarro, derby vermelho.
pela repetição monótona dos dias ela parou em frente a uma loja de roupas e ficou observando a si mesma no reflexo do vidro, encaixando-se em cada roupa de casamento.
o camarada pegou o jornal que estava no balcão e na primeira página, a tragédia: "marido mata a mulher estrangulada com um fio de cobre".
a moça entrou na loja e escolheu seis vestidos, sem experimentar. entregou seu cartão de crédito à vendedora, que empacotou as roupas e agradeceu a preferência. a moça saiu rua afora, atravessou a larga avenida e foi sentar-se à sombra de uma frondosa mangueira.
o camarada saiu do bar, disse ao balconista que naquele dia ia dar mengão na cabeça, pediu se podia ficar com o jornal, e diante da resposta positiva do dono do bar, foi até a praça para sentar e dar uma lida antes de ir cumprir suas tarefas diárias.
a moça procurou um isqueiro na bolsa e viu que não havia. pra que teria um isqueiro ou algo que fizesse fogo se nem fumava? ninguém anda com isqueiro na bolsa só pra atear chamas às vestes...
o camarada sentou-se no banco e viu aquela moça ao seu lado, procurando algo na bolsa. nada disse.
a moça olhou de relance pro camarada e o reconheceu. algo brilhou em seus olhos.
o camarada viu aquele brilho e lembrou do brilho do cobre e da reportagem da primeira página do jornal daquele dia. soltou um arroto com sabor de café e olhou pra moça pra ver se ela tinha sentido o cheiro.
e a resposta foi positiva, o polegar e o indicador da moça tapando o nariz. "você tem isqueiro?", ela então perguntou.
a moça entrou na loja e escolheu seis vestidos, sem experimentar. entregou seu cartão de crédito à vendedora, que empacotou as roupas e agradeceu a preferência. a moça saiu rua afora, atravessou a larga avenida e foi sentar-se à sombra de uma frondosa mangueira.
o camarada saiu do bar, disse ao balconista que naquele dia ia dar mengão na cabeça, pediu se podia ficar com o jornal, e diante da resposta positiva do dono do bar, foi até a praça para sentar e dar uma lida antes de ir cumprir suas tarefas diárias.
a moça procurou um isqueiro na bolsa e viu que não havia. pra que teria um isqueiro ou algo que fizesse fogo se nem fumava? ninguém anda com isqueiro na bolsa só pra atear chamas às vestes...
o camarada sentou-se no banco e viu aquela moça ao seu lado, procurando algo na bolsa. nada disse.
a moça olhou de relance pro camarada e o reconheceu. algo brilhou em seus olhos.
o camarada viu aquele brilho e lembrou do brilho do cobre e da reportagem da primeira página do jornal daquele dia. soltou um arroto com sabor de café e olhou pra moça pra ver se ela tinha sentido o cheiro.
e a resposta foi positiva, o polegar e o indicador da moça tapando o nariz. "você tem isqueiro?", ela então perguntou.
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