sexta-feira, 6 de novembro de 2009


Um Novo Dia de Sol

após dias e dias de chuva, o sol resolveu voltar a mostrar sua força. as raízes das plantas da horta do camarada salvaram-se do apodrecimento por muito pouco, contou ele ao rapaz que estava sentado ao seu lado naquele ônibus lotado. o rapaz parecia não estar ouvindo nada, mas mesmo assim o camarada falava e falava sem parar. sua alegria era muita.

para a moça não fazia a menor diferença se o sol estava de volta ou não. ela até preferia os dias chuvosos, romantizava-os ao extremo. de dentro do quarto, deitada na cama, cortinas fechadas, ela ouvia o barulho dos carros e até chegou a pensar em levantar e dar uma volta, mas que nada... a preguiça não deixava. não saía de sua cabeça a imagem do camarada. em verdade, não lembrava dos detalhes daquele rosto, mas ainda sentia a sensação pelo corpo, a sensação energética, o calor que emanou da imagem dele na rua.
o ônibus passou direto pelo ponto onde o camarada iria saltar, e ele nem percebeu. o rapaz ao seu lado dormia e ele continuava falando das suas plantas na horta, com um sorriso de orelha a orelha.
num canto do quarto da moça, uma aranha tecia uma bela de uma teia, torcendo pra que algum mosquito ficasse agarrado a ela. estava com fome.

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